(Imagem: We Heart It)

Com 10 anos eu achava que, quando completasse 15, perderia meus medos. Deixaria a boneca de pano que me acompanhava todas as noites de lado. Enfrentaria certas situações que só eu sei como me aterrorizavam com mais calma. Que não teria os mesmos pesadelos. Não via a hora de crescer. Com 19, no entanto, acho que posso dizer que tenho ainda mais medos. 

A boneca continua comigo e a abraço cada vez mais forte. Tenho evitado cada vez mais as aquelas situações que me aterrorizam ao invés de aprender a enfrentá-las e ainda tenho medo do escuro. A diferença, porém, é que não espero mais que isso passe quando eu fizer 20, 25... Sei que não vai. Agora entendo que, ao invés de esperar que acabe, posso aprender a lidar, a tentar suportar. Sempre me pergunto se minha versão de 10 anos teria orgulho da versão atual, e às vezes queria poder voltar no tempo para conversar com a “eu mais nova”. 

Não pediria para que mudasse atitudes ou evitasse acontecimentos. Iria apenas perguntar como ela achava que seria 9 anos depois, e descobrir o quanto das expectativas foram atendidas. E não ficaria chateada caso não atendesse a nenhuma. Nove anos depois, aprendi que nossos planos são uma constante mudança, que compreendemos qual o melhor caminho a seguir quando menos esperamos. Que tudo bem dar meia volta no meio da jornada e reiniciar caminhando por outra. Tudo certo. Sem problema. Aprendi o valor que as coisas que realmente importam têm. E que o que eu quero hoje pode não ser mais meu desejo amanhã. 

A pequena que eu fui pode ter ficado no passado, mas um pedaço dela segue comigo no presente, e consigo visualizar esse pedaço junto de mim no futuro, também. Me transformando e permanecendo ao mesmo tempo.

-Milena Farias

Instagram: aquiloqueeununcafalei

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