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Nós não nos preocupávamos com o tempo que estava passando, desde que tivéssemos horas o suficiente na madrugada para dançar, estava tudo bem. Nós não fazíamos ideia do quanto aquelas noites nos fariam sentir saudade, e em como gostaríamos de poder revivê-las. Nós não fazíamos ideia de que a estrada à diante nos levaria para caminhos distantes, e que aquelas noites jamais voltariam. Nós aproveitávamos o momento, e fazíamos isso muito bem. Nós queríamos pertencer àqueles lugares, queríamos fazer parte daqueles grupos, e nem desconfiávamos de que não precisaríamos de nada daquilo.
Nós ouvimos promessas -e fizemos algumas também. Nós acreditamos no que nos diziam porque eram as primeiras vezes que escutávamos aquelas palavras. E achávamos que éramos as únicas a ouvi-las. Doeu quando descobrimos que estávamos erradas. Nós dividíamos copos, roupas, batons e segredos. Dividíamos os amores e as dores. Encarávamos a vida de mãos dadas e chapinha no cabelo. Não sei bem onde foi que as mãos deixaram de se segurar com a mesma firmeza. Não lembro bem onde foi que o caminho apresentou tantas estradas diferentes.
Não lembro quando todas as noites de sábado se tornaram quatro sextas-feiras no ano. Não sei bem quando foi que passamos a encarar a vida no singular. Quando foi que nos acomodamos na distância. O que sei é que não gostaria de voltar no tempo porque somos todas melhores agora, mas, se pudesse, eu traria aquelas noites para o presente. Eu queria que ainda estivéssemos vivendo-as.
-Milena Farias
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