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Somos partidos em milhares de pedaços, milhares de vezes, e, ainda assim, de alguma forma absurdamente incompreensível, no fim nós continuamos inteiros. Nós seguimos, inteiros. As tempestades adormecem e ficam espreitando, silenciosas, aguardando a próxima cena do espetáculo, o momento propício para começar a soltar seus trovões e nos pegar de surpresa, de propósito, só pelo prazer de ver que sempre conseguem nos assustar. E nenhuma delas é igual a outra.
Os fantasmas que nos assombram são sempre velhos conhecidos, com os quais já estamos acostumados, mas as tempestades, não. Elas sempre trazem novidade. Chegam de uma direção da qual jamais esperaríamos, os ventos sopram muito mais fortes do que poderíamos prever, e, por um breve momento, achamos que não vamos conseguir nos manter firmes, que seremos levados por eles, que brincarão com nossos corpos imóveis, guiando-nos para onde bem entenderem.
Mas alguma parte de nós se mantém firme como aço, e parece que cruza os braços e teima: não vão conseguir me levar para lugar algum! E é essa parte forte feito aço, que nos mantém inteiros no final. E ela permite que possamos respirar aliviados quando mais uma tempestade passou, torcendo para que, quem sabe, com sorte, o céu fique limpo por um pouco mais de tempo.
-Milena Farias
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