O futuro voltou a me
amedrontar, e eu deixei que ele fizesse isso. Não tenho metas ou planos bem
traçados. Não tenho certeza dos meus próximos passos. Não tenho previsão de
nada. Eu só tenho um grande sonho, e ele é a única coisa que eu quero para
minha vida. Não tenho um plano B, nem ao menos tenho condições para isso. Minha
faculdade está trancada e não faço ideia se conseguirei voltar.
Há momento nos quais tenho
absoluta certeza de que tudo vai dar certo e de que meu sonho vai se realizar,
e há momentos como esse, em que morro de medo. Há muitos “e se”, há muito
talvez, improbabilidades, obstáculos, curvas que previ e outras que jamais
poderia imaginar. O que eu vou fazer da minha vida se não der certo? Quem eu
vou ser se não der certo? Não quero viver para sempre da forma como as coisas
estão agora.
Tenho apenas 21 anos e parece
que há pouco tempo restante, que tudo deveria estar acontecendo agora, que
estou perdendo todas as minhas chances e que só me restarão sobras. Me fazem
inúmeras perguntas que não sei como responder, e, então, fazem com que eu me
sinta uma fracassada por não ter as respostas na ponta da língua. Parece que
tenho que resolver a minha vida hoje e que não tenho um minuto a mais, como se
minha ampulheta estivesse chegando ao fim, como se o prazo estivesse se
esgotando.
Confesso que tenho medo de
observar todos ao meu redor crescendo enquanto eu continuo empacada aqui.
Empacada aqui. Empacada aqui... É assim que me sinto. Os dias passam, os anos
passam e nenhuma grande mudança acontece. Tudo permanece igual. Por mais que eu
lute, que eu busque, que eu corra atrás, continuo empacada aqui.
Empacada aqui.
Empacada aqui...
Sempre soube que não seria
fácil, que o caminho seria longo e sinuoso. Mas precisava ser tão difícil?
Precisava ser tão longe assim?
Disseram que
não sou diferente de ninguém. Só que eu sou, sim. Não quero ser uma prisioneira
do sistema para sempre, não me contento com isso. Não quero passar a vida
inteira em um trabalho onde estarei infeliz só pela maldita folha de pagamento
no final do mês. Alguns anos à diante, quero estar em um lugar onde tenha
batalhado para chegar, um lugar no qual eu me orgulhe de estar, porque dediquei
todos os meus esforços para isso, e, no fim, vai ter dado certo. Não quero
simplesmente ser carregada pela vida para qualquer lugar que ela queira me
levar e, quando for tarde demais, sequer vou entender como fui parar lá.
Doeu
quando me perguntaram quais outras coisas eu gostaria de fazer além de ser
escritora, para me forçar a ter um plano B. Eu disse que essa era a única coisa
que queria para a minha vida, que era a única coisa que eu realmente gostava de
fazer. Responderam: então é melhor pensar em outras opções, e logo. Assim não
vai dar. Simplesmente descartaram meu plano A. “Esquece isso”. Foi como um soco
bem dado no meu estômago.
Não é completamente incrível descobrir o que se quer
da vida ainda jovem, já cedo? Eu descobri. Mas me parece que não é o suficiente.
Para eles, é como se eu tivesse feito a descoberta errada. É isso dói. Dói
muito. Eles me apoiam, ficam felizes pelas minhas vitórias. Mas não acreditam
em mim. Não de verdade. Eles não acreditam que eu vou chegar a algum lugar
através dos meus sonhos. E isso dói mais ainda. Acreditar sozinha dói.
Jamais,
em hipótese alguma e de jeito nenhum eu cogitaria desistir. Isso é tudo que
quero fazer. Mas há dias em que eu tremo de medo.