Não
são apenas os sábados que permanecem iguais há um bom tempo. Os domingos
também.
Eu
acordo para um dia que não tem programação alguma, perspectiva alguma. As
manhãs se baseiam em tomar chimarrão e esperar o almoço, e, depois de comer, a
energia ruim chega. Os pensamentos ruins dizem olá. Tudo é gatilho para pensar
no quanto nada vem dando certo. Em como eu queria estar longe e no quanto vai
demorar para isso acontecer. Porque eu não conquistei nada até agora. Porque eu
continuo sendo uma ninguém. Porque todo mundo está melhorando de vida e
chegando a algum lugar e parece que eu estou andando pra trás. Regredindo.
Desperdiçando meu tempo com algo que nunca vai acontecer, se realizar. Como se
meu destino fosse inatingível. Como se meu sonho fosse inalcançável. E os
objetivos? Não os tenho mais. Não tenho metas. Não tenho um plano e isso faz eu
me sentir tão culpada.
Não
tenho preguiça. Eu quero (muito) arregaçar as mangas e fazer algo. Suar a camisa.
Correr atrás. Mas tem um bom tempo que venho tentando descobrir O QUE fazer,
porque eu não sei. Sinceramente não faço ideia. Já tentei tantas coisas que não
deram certo. Que não fizeram efeito algum. Que não me deixaram um passo mais
próxima de onde quero chegar.
Cultivei
muitas esperanças para esse ano e nenhuma foi atendida. Nada do que eu queria
aconteceu e eu fiquei parecendo uma barata tonta tentando sobreviver até o fim
de dois mil e dezenove. Continuo me sentindo assim, uma barata tonta,
empurrando a vida com a barriga, atolada na zona de conforto.
Aos
dezessete anos eu estava tão inquieta, queria conhecer o mundo, viajar acima de
qualquer coisa. Eu achava que tudo podia acontecer. Agora, com vinte e um, me
pergunto onde está aquela Milena, onde está aquela esperança, aquela visão da
vida. Sinto que perdi tudo. Que me perdi de mim. Que abandonei a mim mesma em
algum trecho dessa estrada cheia de curvas e só a carcaça continuou seguindo.
Não
tenho perspectivas para o próximo ano. Cansei de fazer lista de metas, que se
dane isso. Cansei de esperar que vai ser melhor. Que coisas boas vão acontecer.
Uma parte de mim se sente extremamente culpada pois, apesar de ter sido mais um
ano que vivi em vão, que joguei no lixo, preciso reconhecer que tenho saúde,
que tenho comida de sobra, uma cama bem confortável pra dormir todas as noites
e roupa quente o suficiente para me esquentar no inverno.
Só
queria que as outras coisas fossem diferentes. Que eu estivesse pertinho de
realizar meu sonho, ou, a menos, que soubesse exatamente o que fazer para realiza-lo.
Queria que já tivesse começado a conhecer o mundo. Queria ser livre para
trabalhar com o que amo e não uma batedora de ponto, uma escrava do regime CLT.
Ainda
tenho esperança, mas temo que essa esperança me deixe cega e me impeça de
seguir um caminho que seria mais correto. Tenho de me arrepender de ter tido
esperança no futuro.
Eu
não sei o que fazer da minha vida. Não faço ideia.
Eu
estou completamente perdida há um bom tempo.
Só
espero que isso acabe logo.
-Milena Farias
Instagram: aquiloqueeununcafalei