(Imagem: We Heart It)

Eu: a parte de mim que poucos conhecem. Eu que não sou assim tão forte e positiva como tento fazer parecer. Mas juro que tento ser. E na grande parte do tempo consigo, só que não sempre. E tudo bem. Eu, que amo o mar mas não sei nadar. Que acredito com todo meu ser que os meus sonhos mais loucos são passíveis de se realizarem, e não os revelo para ninguém porque conheço bem o seu grau de loucura -e não quero que sejamos julgados, eles são minha base. Eu, que queria poder voltar no tempo em que meu reflexo no espelho era outro, e dizer a mim mesma que estava muito bem assim, que podia, finalmente, ficar satisfeita, que não precisava tentar perder ainda mais quilos -e para aproveitar, porque eles a reencontrariam meses depois, e a insatisfação se tornaria maior, assim como o manequim. 

Eu, que perdi pessoas que amava e sobre algumas mortes ainda são sou capaz de falar sem chorar. A morte do primeiro que se foi -espero que ele não saiba disso- me deixou com traumas que ainda não venci. Traumas que me acompanham há quase 11 anos e que se tornaram piores conforme eu cresci -eu pensava que seria o contrário, que se tornaria mais fácil. Quando tinha 8 anos e vi a tampa do caixão ser fechada, não imaginava que esse se tornaria meu pesadelo dali em diante. Não imaginava que caixões seriam o meu maior medo e que só de lembrar deles eu perderia o sono, acordaria de madrugada suando e incapaz de me mexer, e que não procuraria ajuda de tanto pavor de ser obrigada a chegar perto de um para encarar o medo frente à frente. Mas eu aprendi a viver com esse trauma e sigo à diante independente dos pesadelos das noites que se passaram. 

Acredito que todos os outros traumas que apareceram durante essa jornada me trouxeram para onde eu deveria estar, então tudo bem, eu não os entendo, mas aceito-os. Eu, que vivo em um mundo mais mágico que o do contos de fadas, criado por mim mesma, para onde fujo da realidade, e onde posso fingir que estou em qualquer lugar do mundo, enquanto ainda não posso viajar por ele. E estou ficando cansada de esperar, parece que o dia com o qual tanto sonho nunca vai chegar! Para me distrair, quantos mundos ainda terei que inventar?

-Milena Farias

Instagram: aquiloqueeununcafalei

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