(Imagem: Unsplash)
Eu lembro-me
de te chamar inúmeras vezes, e você não se incomodar em olhar para trás. Eu
lembro-me da indiferença, de não conseguir entender seus motivos e de procurar
diversas maneiras para chamar tua atenção. Incontáveis tentativas falhas de
dizer "ei, ainda estou aqui e não irei embora, não demore para
voltar...". Mas você sabia onde eu estava, sempre soube. E isso não lhe
fazia a menor diferença. Jamais perdeu seu precioso tempo vindo atrás de mim ou
se incomodando para saber como eu estava. Demorou para que eu entendesse.
Muito.
Até me
permitir te deixar ir, passei por muita coisa. Um turbilhão de sentimentos como
em uma montanha russa, mas que só ia ladeira abaixo. Demorou. Doeu. Quis até
culpar o tempo, que passava e não curava. Porém, eu consegui aprender. Fui uma
aluna desobediente, rebelde, trazendo na mochila inúmeras advertências. Mas uma
aluna que, no fim (e com o fim), aprendeu. Fiz o dever de casa. Foi uma
recuperação de longo prazo, admito. Sua arrogante indiferença que costumava me
machucar, começou a me servir de exemplo.
Descobri,
não da melhor forma, mas da forma que deveria ser, que eu não preciso de quem
não precisa de mim. Que eu não preciso segurar um cartaz "ei, estou
aqui!", porque quem me quer, sabe onde estou. Quem me quer, vai me
procurar. Só espalha indiferença quem não se importa, e quem não se importa não
merece ser lembrado. Descobri que o pedestal da minha vida deve ser ocupado por
mim, e não por qualquer um que aparecer e falar algumas poucas palavras
bonitas. Quem quer minha atenção, em troca deve dar a sua.
-Milena Farias
Instagram: aquiloqueeununcafalei